Hoje em dia, as tendências podem mudar ‘num piscar de olhos’. As empresas competem em contextos que estão permanentemente em rápida mudança e é, por isso, importante que possam antecipar o que aí vem e, quando tal não é possível, ter a agilidade e flexibilidade suficientes para terem capacidade de resposta.
Estratégias de marketing bem fundamentadas e informadas são hoje um dos segredos para que as empresas consigam manter-se relevantes perante o seu público-alvo e assim ter maiores garantias de sucesso. Para tal, as empresas devem compreender em profundidade o seu público-alvo, tirando partido das ferramentas hoje disponíveis, que permitem, como nunca antes, ter os dados necessários para definir estratégias e orientar decisões.
Independentemente das especificidades de cada mercado e de cada empresa, há grandes tendências de marketingque prometem marcar o ano que agora arranca.
Numa altura em que os consumidores optam por consultar várias plataformas antes de tomar uma decisão de compra, é fundamental pensar-se numa estratégia omnicanal quando falamos de marketing. Ter uma linha de posicionamento e promoção da marca desenhada, de raiz, para os diferentes canais e plataformas – online e offline – é completamente distinto de apostar num só e depois adaptar aos demais.
A escolha da primeira hipótese trará coerência à estratégia de marketing e irá proporcionar uma experiência integrada ao cliente em todos os pontos de contato com a marca. Para tal, é também importante que as diferentes equipas de marketing e vendas estejam alinhadas para que este fio condutor seja, de facto, comum às várias plataformas.
Uma estratégia omnicanal contribuirá fortemente para a construção de uma relação forte com os clientes, geradora de mais receitas e consumidores mais leais.
Ainda são muitos os profissionais de marketing que não tiram o devido partido das vantagens da Inteligência Artificial mas isso está a mudar, sendo por isso de esperar que, em 2023, assim como nos anos que se seguirão, se assista a um incremento do seu uso. Métodos de Inteligência Artificial como os ‘data models’, os algoritmos ou o ‘machine learning’ ajudam, e muito, a perceber melhor os públicos-alvo, compreender o comportamento dos consumidorese antecipar alterações nas tendências de consumo.
Os dados obtidos podem ajudar os profissionais de marketing a otimizar gastos (graças, por exemplo, a uma segmentação de campanhas mais eficaz), permitindo produzir conteúdos muito mais direcionados e proporcionar experiências de consumo mais personalizadas.
Depois dos chamados ‘millennials’ – nascidos algures entre 1980 e 1994 -, a geração Z, que se lhes seguiu, está a ganhar um peso naturalmente maior no mercado e tem vindo a introduzir claras mudanças de paradigma graças aos seus distintos padrões de consumo face a gerações anteriores. Tal deve-se sobretudo ao facto de estes novos consumidores terem surgido já num mundo dominado pelas redes sociais, pelo digital e pelas novas tecnologias. Os seus processos de tomada de decisão e aquilo que valorizam nas marcas está a determinar, cada vez mais, as tendências do marketing.
E o que querem estes consumidores das marcas? Querem rapidez, agilidade, transparência, criatividade, confiança e um posicionamento claro em questões relacionadas com a sustentabilidade e a responsabilidade social.
Os consumidores privilegiam cada vez mais as marcas que valorizam a responsabilidade social e a sustentabilidade. Muitos consumidores estão mesmo dispostos a pagar mais por produtos de marcas que demonstrem tais compromissos com as comunidades e o mundo que as rodeia.
Os clientes querem – e sabem que podem – fazer a diferença nos seus comportamentos de consumo. Assim, campanhas que alertem para questões de justiça social, igualdade de género, sustentabilidade ou inclusão, empresas que direcionem partes dos lucros para a ação social ou que se envolvam em campanhas de apoio a causas são mais notadas e valorizadas pelos consumidores.
Depois, diversos estudos já realizados mostram que são muitos os que não se sentem representados nas campanhas de publicidade e marketing, quer seja nas causas que valorizam ou por não se sentirem visados enquanto consumidores. O potencial para atrair uma maior fatia do mercado e conseguir valorizar a marca é, por isso, muito grande.
Em 2023, o movimento feito pelas empresas no sentido de apostar na promoção dos seus produtos, serviços e imagem via redes sociais continuará, com destaque para tudo o que sejam conteúdos em vídeo, seja via instagram, youtube ou outras plataformas.
Os consumidores são hoje muito recetivos a marcas que contem histórias, que promovam um maior envolvimento com o cliente e que adotem valores com os quais as pessoas se possam identificar. Por outro lado, o marketing das marcas junto dos mercados-alvo quer-se cada vez mais interativo, em lugar de composto por ações em que o consumidor é um agente passivo e um mero recetor de informação. São um importante veículo de aproximação entre as marcas.
Para as empresas, as redes sociais são também um bom instrumento para ‘medir o pulso’ ao mercado.
O vídeo cresceu nas estratégias de marketing no ano que agora terminou e 2023 não deverá ser diferente. Por um lado, este formato de conteúdo potencia uma ligação mais profunda e eficaz entre as marcas e os potenciais clientes. Por outro, é muito fácil e económico para as marcas fazê-los circular e, preferencialmente, tornar-se viral na Internet. E a verdade é que hoje a produção destes vídeos é, graças às novas tecnologias, muito mais simples e barata.
A forma como tal é depois concretizada pode ocorrer pela via da criação de conteúdo próprio pela marca ou através de conteúdo gerado pelo utilizador/consumidor, o chamado ‘User-Generated Content’). Outra via são, claro está, as parcerias com ‘influencers’.
Para além das redes sociais clássicas, outros veículos de distribuição de conteúdos estão a ganhar peso entre as novas gerações. Canais como os podcasts, as newsletters ou os blogues têm como vantagem o facto de chegarem a públicos à partida já mais predispostos a consumir aqueles conteúdos. Podem ser utilizadas mesmo por empresas com orçamentos mais baixos e permitem fazer campanhas cirúrgicas, muito mais direcionadas já ao público-alvo a que se pretende chegar.
Dentro dos vários canais possíveis, os especialistas antecipam que, em 2023, os podcasts continuem a crescer enquanto ferramentas de marketing. Também os blogues permanecerão nas estratégias promocionais das marcas. Apesar de serem um recurso mais antigo do que ‘colegas’ como as newsletters e os podcasts, continuam a funcionar. Estima-se, aliás, que pelo menos um terço dos marketeers os utilizam. E as estatísticas mostram que as empresas que têm blogues associados ao site da marca conseguem, por essa via, reais incrementos nas vendas.
Não se trata propriamente da invenção da roda. Sempre se soube que não há melhor estratégia para promover uma marca ou um negócio do que o chamado ‘de boca em boca’. É mais provável que as pessoas experimentem um produto ou serviço se alguém que conhecem e em quem confiam o recomendar.
As novas tecnologias e, em particular, as redes sociais estão a permitir potenciar esta ‘velha’ estratégia numa escala nunca antes imaginável. Desde os posts de influenciadores, passando pelos vídeos de ‘unboxing’, pelos ‘hashtags’ de marcas ou pelas viralizações via TikTok, as marcas têm no conteúdo gerado por utilizadores um imenso potencial de negócio. Potencial esse que, por ser mais económico em termos de investimento de marketing, é mais acessível mesmo para os pequenos negócios. Os consumidores tendem progressivamente a confiar muito mais no conteúdo gerado por outros consumidores sobre marcas ou produtos específicos do que em conteúdo criado por essas mesmas marcas.
Com a pandemia a deixar de ser um impedimento, a realização dos eventos presenciais tem vindo a ser retomada e tal tendência irá acentuar-se em 2023. Volta, por isso, a poder ser uma ‘carta na manga’ para as campanhas de marketing e posicionamento das marcas.
São outra via primordial de aproximação entre as empresas e os seus clientes, quer tal se materialize através da criação de eventos próprios, do patrocínio de eventos de outras entidades ou, por exemplo, através do lançamento de uma loja ‘pop-up’.
As chamadas ‘experiências imersivas’ físicas, por exemplo, podem ser inovadoras e muito eficazes, tendo potencial para serem altamente partilháveis nas redes sociais.
A verdade é que, por mais digital que o mundo se torne, continuaremos sempre a ser ‘animais sociais’ e não há rede social que substitua o contacto presencial. A pandemia lembrou-nos isso mesmo.
Cada empresa compete hoje num mundo em constante mudança. Manter o nível de competitividade passa, nomeadamente, por procurar estar sempre um passo à frente nas estratégias desenvolvidas, sob pena de, se tal não for feito, se ter de ‘correr atrás do prejuízo’.
Acresce que estamos a começar um novo ano com o desafio acrescido da instabilidade económica e geopolítica, o que exige das marcas uma ainda maior capacidade de serem flexíveis, inovadoras e focadas.
Quer o contexto envolvente seja de forte expansão ou de contração, há sempre espaço para crescer. Basta estarmos bem preparados.
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por Maria Ana Barroso